Wednesday, December 06, 2006

Talk to the devil - Parte Final

“Não, idiota! Eu não matei a vadia. Eu não poderia, a não ser que você quisesse o suficiente para sair de mim e alcançar sua consciência, mas isso não passava de um pensamento perdido em seu lado negro” e apontava para si mesmo com as duas mãos enquanto falava e sorria maroto.

“Ainda há tempo. Esse luto durou tempo demais. Vamos mudar esse visual e voltar aos estudos. Com toda certeza um aluno brilhante como você, irá retomar os estudos e no máximo em um ano e meio terá concluído o que falta. Depois de alguns casos bem representados você poderá tirar umas boas férias no Caribe e descolar umas três vagabundas para si... err... acho melhor você mudar sua orientação sexual, porque outra vadia pode arruinar tudo.”

Um estalo na cabeça e Sérgio, finalmente, entendeu o que tudo isso queria dizer. E a partir dessa descoberta um velho desejo de sucesso emergiu das profundezas de seu ser e todo seu romantismo piegas afundou junto com sua cafonice desmedida e seus pudores que nunca o levariam a nada.

Um ano e meio? Sérgio vendera todas as suas posses, mudou-se para um dormitório de estudantes e calculou quanto tempo conseguiria sustentar-se com aquele dinheiro. 15 meses foi sua resposta e, então, estudou como doido e em menos de 12 meses já havia concluído tudo que abandonara.

Sua fama não havia morrido, ao contrário dele próprio, e assim que começou a fazer jus à semente que deixara plantada naquela universidade, convites choveram mesmo antes de concluir seu curso. Assim conquistou seus desejos, alcançou estabilidade, poder, sucesso, respeito e, principalmente, amor próprio.

Cinco anos após a aparição que daria um novo rumo à sua vida, resolveu comemorar com uma grande festa. Convidou seus amigos, parentes que não falavam consigo quando estava com a ex-mulher e mais alguns V.I.P.’s que poderiam colocar a festa pra cima. A festa realizou-se em um cruzeiro que atravessou o Atlântico, rumo às ilhas gregas. Pensou onde estaria aquele demônio que um dia o havia ajudado, o responsável por tudo que se tornara. Logo sentiu sua presença muito próximo de si. Na verdade, ele havia se tornado o próprio.

Sérgio morreu aos 50 anos, vítima de envenenamento. A essa altura havia se casado novamente uns 7 ou 8 meses antes.



Eduardo Leite

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