Escolhas
Quando a situação é crítica, existe sempre aquele que pensa “pior do que está não pode ficar”. Mas fica.
- Meu filho, eu quero que você entenda que você precisa fazer isso. Você já não é mais um menino. Talvez os outros não entendam, mas não há outra saída.
Lá estava ele, parado, diante do pai. Um jovem de vinte e poucos anos e um senhor de quase setenta. Entre eles, uma mesa. Sobre ela, um revólver.
- Você não é mais um garoto. Sabe o que é certo e o que é errado. Não deve nada a ninguém, a não ser a mim mesmo, que sou seu pai, e o único responsável por você. Além de você mesmo.
Em vinte e poucos anos de vida jamais imaginou que passaria por uma situação como aquela. As maiores decisões que tomara até ali foram a escolha da área para a qual iria prestar vestibular e se iria ou não recolher e tentar colar os cacos de uma recente e desastrosa relação amorosa. E, mais recentemente, a decisão de contar ao pai toda a verdade. Acabara de chegar do hospital com o resultado de alguns exames. Não poderia esconder aquilo dele. Mais cedo ou mais tarde ele saberia. Precisava contar, e contou.
- Pense em sua mãe, meu filho. O que você acha que ela diria? Imagine-a em sua frente agora. Aposto que ela estaria concordando comigo. Como sempre concordou, lembra?
Não saberia dizer se aquele “lembra?” se referia ao fato de sua mãe sempre ter lhe apoiado ou se à situação semelhante, pela qual sua mãe também passou. Uma doença, um destino: a morte. O casal chegou à conclusão de que o fim deveria ser adiantado. Não queriam sofrimento ou dor. Não havia escolha, enfim.
- Tenho certeza de que você deve fazer isso, meu filho. E lhe digo mais: se eu estivesse no seu lugar, eu faria o mesmo.
Ficou em dúvida sobre essa declaração. Será que se fosse ele, com vinte e poucos anos, passando por aquela situação, será que ele faria mesmo aquilo? Por que diabos contou-lhe o resultado do exame? Ele sabia porquê. Não suportaria a dor de ver a morte, aos poucos, tomar o lugar da vida. No fundo, no fundo, concordava com o pai. Só não queria admitir.
- Meu filho, obedeça o seu pai. Pegue esta merda de revólver e puxe a porra do gatilho!
Só um deles sairia vivo daquela sala.
- Meu filho, eu quero que você entenda que você precisa fazer isso. Você já não é mais um menino. Talvez os outros não entendam, mas não há outra saída.
Lá estava ele, parado, diante do pai. Um jovem de vinte e poucos anos e um senhor de quase setenta. Entre eles, uma mesa. Sobre ela, um revólver.
- Você não é mais um garoto. Sabe o que é certo e o que é errado. Não deve nada a ninguém, a não ser a mim mesmo, que sou seu pai, e o único responsável por você. Além de você mesmo.
Em vinte e poucos anos de vida jamais imaginou que passaria por uma situação como aquela. As maiores decisões que tomara até ali foram a escolha da área para a qual iria prestar vestibular e se iria ou não recolher e tentar colar os cacos de uma recente e desastrosa relação amorosa. E, mais recentemente, a decisão de contar ao pai toda a verdade. Acabara de chegar do hospital com o resultado de alguns exames. Não poderia esconder aquilo dele. Mais cedo ou mais tarde ele saberia. Precisava contar, e contou.
- Pense em sua mãe, meu filho. O que você acha que ela diria? Imagine-a em sua frente agora. Aposto que ela estaria concordando comigo. Como sempre concordou, lembra?
Não saberia dizer se aquele “lembra?” se referia ao fato de sua mãe sempre ter lhe apoiado ou se à situação semelhante, pela qual sua mãe também passou. Uma doença, um destino: a morte. O casal chegou à conclusão de que o fim deveria ser adiantado. Não queriam sofrimento ou dor. Não havia escolha, enfim.
- Tenho certeza de que você deve fazer isso, meu filho. E lhe digo mais: se eu estivesse no seu lugar, eu faria o mesmo.
Ficou em dúvida sobre essa declaração. Será que se fosse ele, com vinte e poucos anos, passando por aquela situação, será que ele faria mesmo aquilo? Por que diabos contou-lhe o resultado do exame? Ele sabia porquê. Não suportaria a dor de ver a morte, aos poucos, tomar o lugar da vida. No fundo, no fundo, concordava com o pai. Só não queria admitir.
- Meu filho, obedeça o seu pai. Pegue esta merda de revólver e puxe a porra do gatilho!
Só um deles sairia vivo daquela sala.
Rafael Rodrigues
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