Sunday, July 02, 2006

Crônica de uma desclassificação anunciada

* Texto publicado ontem, dia 01 de julho de 2006, no blog Paralelos.

Não estou conformado ainda.

O Brasil inteiro pedia. A imprensa clamava. Eram quase exigências: "Juninho Pernambucano tem que jogar!" e "Robinho tem que ser titular!".

Isso porque, no jogo contra o Japão, a seleção brasileira de futebol jogou muito bem. Na partida seguinte, contra Gana, a formação voltou a ser a mesma dos dois jogos anteriores, com Adriano e Ronaldo, o (ex) Fenômeno, compondo o ataque. O placar "elástico", de 3x0 foi enganoso. Não correspondeu à realidade do jogo. Uma partida na qual, como as anteriores (a exceção do jogo contra o Japão), o Brasil não jogou muita bola.

E aí hoje, contra a França, Parreira escala Juninho Pernambucano como titular. Robinho não entrou por estar vindo de contusão e, apesar de ter sido liberado pelo departamento médico, o técnico preferiu não colocá-lo em campo desde o início. Mas finalmente Juninho iria começar jogando, e isso era o que importava pra muita gente.

Não pra mim.

Notei algo que não vi ninguém dizer ainda. Talvez por não ser uma opinião correta, mas compartilharei com vocês: Juninho só deu certo porque aquele time que jogou contra o Japão estava sem 5 jogadores titulares. Não participaram daquela partida: Cafú, Roberto Carlos, Adriano, Émerson e Zé Roberto. Nos seus lugares estavam, respectivamente: Cicinho, Gilberto, Robinho, Gilberto Silva e Juninho Pernambucano.

Foi o gás desses reservas que deu àquele jogo uma nova ótica, um novo ritmo. Por isso Juninho Pernambucano jogou bem, porque ele não estava sozinho. Todos os outros reservas que entraram com ele, o apoiaram, se apresentaram para o jogo, para receber bolas.

Hoje, quando Parreira escalou o Juninho e o Gilberto Silva no time, não era de se esperar o mesmo êxito conseguido contra o Japão. Eu senti isso. Minha esperança estava em Ronaldinho Gaúcho apresentar seu bom futebol, coisa que não aconteceu.

Desde o jogo França x Espanha, no qual Zidane fez uma partidaça, eu já estava com um mau pressentimento (e o Pelé também, pelo que vi), que se confirmou ao longo da partida de hoje.

Mas é claro que até o fim do jogo eu estava de mãos cruzadas, apreensivo, esperando um lance de sorte, uma jogada brilhante de alguém, que não aconteceu.

E o Brasil volta mais cedo pra casa. A melhor seleção da copa é despachada nas quartas de finais. Nós tínhamos os melhores jogadores. Tínhamos uma comissão técnica experiente, campeã mundial em 1994 com um elenco bem limitado. Tínhamos até um amuleto(!), Zagallo. Tínhamos tudo. E agora não temos nada.

O que resta é torcer para o Felipão, e para os nossos "irmãos" lusitanos.

E não adianta falar que "o sonho do hexa ficou pra 2010". Se o próximo técnico da seleção (Parreira tem que sair!) não tiver autonomia e peito para aposentar essas lendas que só pensam em bater seus recordes, não vamos ser campeões tão cedo.

Ah, e agora os jornais podem voltar à programação normal: corrupção e violência.


Rafael Rodrigues

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