Demônio íntimo
Os dias são curtos, nunca há tempo o bastante
As noites são longas, você não sai de meu pensamento
Não como uma saudade boa, algo que dê prazer
Mas uma voz martelando, uma tortura, difícil descrever
Você sabe todos os podres, os pontos fracos
Fala quando quer, sempre para deixar-me atordoado
Elogios esperam retorno, favores, subornos
Humilhações rotineiras, melhor seria um aborto
Sua voz doce e meiga dificilmente vem aos meus ouvidos
Fácil enganar os outros, não por muito, mas o suficiente, enfim
Você só vê a si mesma, seus planos, seus desejos
Todo o resto são obstáculos ou marionetes servindo a seu fim
Conversa não faz parte de seu vocabulário
Grito e violência, esses sim, estou familiarizado
Convivência é sempre uma surpresa, estou de acordo
Me surpreendendo, ainda, em situações onde nem reconheço meu rosto
Odeio-te com mais fúria que amo
O amor é um costume que pouco durará
Odeio a mim, como ajo, involuntariamente manipulado
Preferiria dar vazão ao diabo que habita no inconsciente sepultado
Poucos devem ser cuidados, amados
Os inimigos destruídos, torturados e humilhados
Compaixão parece fraqueza, por sempre deixar atordoado
Perto da hora do pagamento, acabo esquecendo o trato
O rancor corrói minha alma, cada dia humilhado
Espero em vão o dia em que serei vingado
Gostaria apenas de sair, pelo vento guiado
Na bifurcação da vida, terceiro caminho enveredado
Não quero chegar a vê-los no fim, mostrar qualquer sentimento disfarçado
Cansado de máscaras, anseio por livrar-me deste elmo desgastado
Continuar com o escudo sempre empunhado
E a espada desembainhada esperando o momento adequado
O fraco jaze no passado
O prato frio colocado em minha mesa
Servirá não como virtude, mas como início de hábito
O fim está próximo, vislumbro pelos olhos do passado
Eduardo Leite
2 Comments:
Demônio Íntimo.
Titulo perfeito e sei muito bem o que você quer dizer.
Th
Palavras fortes para uma alma tão insolarada...
Bom texto...,mas péssimo sentimento...
3 Beijos
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