Um Romance
Eu tinha algumas idéias claras em minha cabeça naquela manhã. Desci do ônibus na hora do almoço escrevendo mentalmente as melhores frases que eu poderia escrever. Sem dúvida minha falta de inspiração crônica finalmente cessaria.
Minhas melhores idéias surgem de três formas: Quando estou sem dormir, quando estou em movimento e assim visualizando o mundo ou quando estou divagando nos entre atos dos sonos.
Pena que fui vitima das editoras brasileiras e do publico que o leu. Fiz de meu primeiro livro meu gigantesco sucesso. Era uma história simples. Ou deveria dizer, mas uma historia sobre um amor banal. Se as personagens realmente existissem, a essa hora o amor já teria ido para as cucuias e eles estariam no divorcio.
Mas foi assim que escrevi meu primeiro romance. "Absorções". O titulo estúpido foi me dado por minha esposa. Na época soava interessante, fazia sentido com a personagem. Hoje é uma baita porcaria.
Assim, com essa obra prima e todas as outras bobagens ditas na época, fiz minha cova com capa cartonada, 245 páginas impressas em papel canson com fonte garamound.
O primeiro foi quase um contrato unilateral. Eu entregava o original na mão da major, eles lançariam. Se sobrasse um lucrinho nisso tudo, o autor receberia uma quantia insignificante.
Com meu sucesso ganhei entrevistas em programas de tv. Contratos. Uma coluna no jornal. E taradas dizendo que me amavam só porque achavam que eu era uma espécie ambulante daquilo que escrevo.
Respondi diversas vezes que já tinha algumas historias engatilhadas. Pequenos plots, ou alguns inícios que escrevi anos-luz atrás. E que agora com amadurecimento talvez ficariam ainda melhor.
Meu segundo livro foi a moda de Lispector. Uma introspecção através de uma personagem feminina. Tive dois desafios para superar: O meu lado masculino que deveria estar ausente no texto, e conseguir passar tudo que queria para a personagem sem soar piegas.
Quando foi lançado, no natal de 2003, o livro vinha coberto por uma pequena aba que anunciava "O segundo romance de Gustavo Filho, autor de 'Absorções' aclamado pela crítica especializada". Quando recebi a edição pronta em casa semanas antes do lançamento, percebi que nem tudo foi aprovado por mim. Alguns comentários de escritores renomados foram inseridos na contra-capa.
Posso parecer desagradecido por não gostar de comentários calorosos de pessoas como Luis Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor e de alguns outros jornalistas. Mas sei o quanto esses comentário são comprado$.
Quando ocorreu seu lançamento, naufraguei. O publico esperava um outro amor tão original quanto o outro. Mas eu queria só contar historias. E elas nascem as pencas e não possuem formula nenhuma.
A critica não me massacrou. Houve um grupo que elogiou a mudança. Eu era um escritor e não um caçador de best sellers.
Nessa época, todas minhas idéias guardadas continuaram escondidas. Tudo que desenvolvia me soava insosso, como se faltasse minha emoção. Percebi que agora que tinha um publico, comecei a ser cobrado. Tinha todos os passos vigiados. Minha palavra era lida com desprezo. Como se eu não retribuísse o publico. Eles me odiavam por não fazer o mesmo romance duas vezes.
Resolvi no final do ano passado abrir espaço para meu próprio ego, algumas licenças poéticas, personagens fictícias e narrei minha própria historia. E enviei para outra major. Dessa vez pedindo controle total sobre o produto final. Ainda me doía saber que não fui querido porque tentava não ser repetitivo.
Lancei em maio meu terceiro livro "Ego de um Artista", homenageando o nome da obra de Joyce ao meu estilo. E esperei.
"Gustavo Filho estava de volta, mas será que ainda precisamos dele?", diziam os jornais. Com o tempo fui recebendo críticas positivas. O publico pareceu compreender minhas idéias com mais liberdade. Eu andava na rua e eles diziam que somente depois da leitura desse novo romance que minha segunda obra fazia sentido. Nessa hora eu só pensava em quão volátil era o publico. E quão maluco.
Hoje iniciei a segunda parte de meu primeiro livro, possivelmente "Absolvições". Anos se passaram desde que uni Junior e Tatiana. O tempo foi sábio e doloroso. Voltei a encontrar velhos personagens que jantarão ainda hoje comigo para contar aonde a vida os levou.
Sei que isso desagradará o publico. Mas percebi que todas as personagens são projeções de diversas vidas que passam na nossa janela. E assim como nós, elas também devem seguir em frente.
Minhas melhores idéias surgem de três formas: Quando estou sem dormir, quando estou em movimento e assim visualizando o mundo ou quando estou divagando nos entre atos dos sonos.
Pena que fui vitima das editoras brasileiras e do publico que o leu. Fiz de meu primeiro livro meu gigantesco sucesso. Era uma história simples. Ou deveria dizer, mas uma historia sobre um amor banal. Se as personagens realmente existissem, a essa hora o amor já teria ido para as cucuias e eles estariam no divorcio.
Mas foi assim que escrevi meu primeiro romance. "Absorções". O titulo estúpido foi me dado por minha esposa. Na época soava interessante, fazia sentido com a personagem. Hoje é uma baita porcaria.
Assim, com essa obra prima e todas as outras bobagens ditas na época, fiz minha cova com capa cartonada, 245 páginas impressas em papel canson com fonte garamound.
O primeiro foi quase um contrato unilateral. Eu entregava o original na mão da major, eles lançariam. Se sobrasse um lucrinho nisso tudo, o autor receberia uma quantia insignificante.
Com meu sucesso ganhei entrevistas em programas de tv. Contratos. Uma coluna no jornal. E taradas dizendo que me amavam só porque achavam que eu era uma espécie ambulante daquilo que escrevo.
Respondi diversas vezes que já tinha algumas historias engatilhadas. Pequenos plots, ou alguns inícios que escrevi anos-luz atrás. E que agora com amadurecimento talvez ficariam ainda melhor.
Meu segundo livro foi a moda de Lispector. Uma introspecção através de uma personagem feminina. Tive dois desafios para superar: O meu lado masculino que deveria estar ausente no texto, e conseguir passar tudo que queria para a personagem sem soar piegas.
Quando foi lançado, no natal de 2003, o livro vinha coberto por uma pequena aba que anunciava "O segundo romance de Gustavo Filho, autor de 'Absorções' aclamado pela crítica especializada". Quando recebi a edição pronta em casa semanas antes do lançamento, percebi que nem tudo foi aprovado por mim. Alguns comentários de escritores renomados foram inseridos na contra-capa.
Posso parecer desagradecido por não gostar de comentários calorosos de pessoas como Luis Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor e de alguns outros jornalistas. Mas sei o quanto esses comentário são comprado$.
Quando ocorreu seu lançamento, naufraguei. O publico esperava um outro amor tão original quanto o outro. Mas eu queria só contar historias. E elas nascem as pencas e não possuem formula nenhuma.
A critica não me massacrou. Houve um grupo que elogiou a mudança. Eu era um escritor e não um caçador de best sellers.
Nessa época, todas minhas idéias guardadas continuaram escondidas. Tudo que desenvolvia me soava insosso, como se faltasse minha emoção. Percebi que agora que tinha um publico, comecei a ser cobrado. Tinha todos os passos vigiados. Minha palavra era lida com desprezo. Como se eu não retribuísse o publico. Eles me odiavam por não fazer o mesmo romance duas vezes.
Resolvi no final do ano passado abrir espaço para meu próprio ego, algumas licenças poéticas, personagens fictícias e narrei minha própria historia. E enviei para outra major. Dessa vez pedindo controle total sobre o produto final. Ainda me doía saber que não fui querido porque tentava não ser repetitivo.
Lancei em maio meu terceiro livro "Ego de um Artista", homenageando o nome da obra de Joyce ao meu estilo. E esperei.
"Gustavo Filho estava de volta, mas será que ainda precisamos dele?", diziam os jornais. Com o tempo fui recebendo críticas positivas. O publico pareceu compreender minhas idéias com mais liberdade. Eu andava na rua e eles diziam que somente depois da leitura desse novo romance que minha segunda obra fazia sentido. Nessa hora eu só pensava em quão volátil era o publico. E quão maluco.
Hoje iniciei a segunda parte de meu primeiro livro, possivelmente "Absolvições". Anos se passaram desde que uni Junior e Tatiana. O tempo foi sábio e doloroso. Voltei a encontrar velhos personagens que jantarão ainda hoje comigo para contar aonde a vida os levou.
Sei que isso desagradará o publico. Mas percebi que todas as personagens são projeções de diversas vidas que passam na nossa janela. E assim como nós, elas também devem seguir em frente.
Thiago Augusto
(26-09-05)
3 Comments:
Um prenúncio dos próximos tempos...
BJ.
Um prenúncio dos próximos tempos...
BJ....
BJ.
Gostei. Fazia tempo q n parava pra ler algo de vcs...
Eli
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