São Jeremias - Parte I
Muros brancos descascados e riscados pela poeira que saia dos rebocos, mangueiras espalhadas num quintal mal planejado, chão de terra batida e poeira em vez de grama. Animais babando encolhidos pelos cantos, ou seriam pessoas? No meio erguia-se não tão austero, mas dominante a casa central de tratamento e os dormitórios do Hospício São Jeremias, o único hospício naquela pequena cidade do interior de Sergipe. “Quem entra lá não sai!” era o que diziam na cidade. O São Jeremias que “deu fim” a tantos no Regime Militar, bastava que alguém conversasse em algum boteco sobre sua opinião não tão a favor da ditadura e dois meses mais tarde acordaria dentro de suas paredes e após umas 3 sessões de choque e vários remédios administrados diariamente ele seria solto no quintal, onde poderia abrigar-se embaixo de alguma mangueira ou pelos chãos da dependência. Chegavam pessoas de todo o país e pouco a pouco o enorme casarão chegou à superpopulação, mas com o fim do Regime, este recebia agora apenas os doentes locais e era um laboratório para estagiários de Psicologia e residentes de Psiquiatria.
Daniel estava no 7º período do curso de Jornalismo e destacava-se na turma, na Universidade Federal de Pernambuco, não tanto por suas notas, mas por suas idéias liberais, por sua noção de liberdade, direitos, por sua busca altruísta de instituir justiça num país onde a maior aspiração de um acadêmico era passar num concurso federal e ganhar R$ 5.000,00 reais trabalhando 6 h por dia até se aposentar aos 50 e comprar uma casa e Porto de Galinhas.
Buscava um furo e passeando pelos arquivos do setor de periódicos da biblioteca, este deparou-se com uma apostila velha e empoeirada no canto da estante. Chamou-o a atenção o fato dela pertencer à sessão médica, alguém a teria deixado por engano naquela estante? Correndo a vista nas primeiras linhas, percebeu o conteúdo histórico introdutor à história de tal hospício que, segundo o autor, um médico, não oferecia estrutura para um real aprendizado e sim um ambiente favorável para se ganhar bem sem muito esforço, ou seja, uma perpetuação de uma situação que permanecia-se imutável há algumas décadas. Um choro isolado, um grito abafado, pensou. Talvez esse fosse seu projeto para a monografia, o projeto quem impulsionaria sua carreira. Juntou sua mochila, pegou sua câmera semi-profissional e tomou um ônibus para Aracaju, de lá tentaria encontrar essa cidade que não se encontrava no mapa.
Daniel estava no 7º período do curso de Jornalismo e destacava-se na turma, na Universidade Federal de Pernambuco, não tanto por suas notas, mas por suas idéias liberais, por sua noção de liberdade, direitos, por sua busca altruísta de instituir justiça num país onde a maior aspiração de um acadêmico era passar num concurso federal e ganhar R$ 5.000,00 reais trabalhando 6 h por dia até se aposentar aos 50 e comprar uma casa e Porto de Galinhas.
Buscava um furo e passeando pelos arquivos do setor de periódicos da biblioteca, este deparou-se com uma apostila velha e empoeirada no canto da estante. Chamou-o a atenção o fato dela pertencer à sessão médica, alguém a teria deixado por engano naquela estante? Correndo a vista nas primeiras linhas, percebeu o conteúdo histórico introdutor à história de tal hospício que, segundo o autor, um médico, não oferecia estrutura para um real aprendizado e sim um ambiente favorável para se ganhar bem sem muito esforço, ou seja, uma perpetuação de uma situação que permanecia-se imutável há algumas décadas. Um choro isolado, um grito abafado, pensou. Talvez esse fosse seu projeto para a monografia, o projeto quem impulsionaria sua carreira. Juntou sua mochila, pegou sua câmera semi-profissional e tomou um ônibus para Aracaju, de lá tentaria encontrar essa cidade que não se encontrava no mapa.
continua...
Eduardo Leite
1 Comments:
Gostei dos paragrafos iniciais. Uma bela progressão de imagens.
E vc soube parar o texto na hora certa pra gerar espectativa. =P
Th//
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