Sunday, July 16, 2006

Um Tiro No Escuro

"Que bom que eu não tinha um revólver
Quem ama mata mais com bala que com flecha
Ela deixou furo
E a porta que abriu
Jamais se fecha"
Adriana Calcanhotto,
Bagatelas


O que você faria se tivesse uma arma na mão? E estivesse no escuro, só, ouvindo os barulhos ao seu redor sem saber quem ou o que está ao seu lado?

Ele resolveu atirar. Com o único tiro que havia dentro daquela arma e fugiu, desesperado.

Encontraram um corpo, vivo, no local. Estava desmaiado. Chamaram a policia e uma ambulância que chegou rapidamente.

Foi estranho para ele assistir o noticiario da tevê naquela noite. Pelos jornais, diziam que o corpo tinha sido ferido, e eram visíveis duas marcas de tiros.

Se levantou de sua cama, num motel vagabundo, espantado. Tinha a certeza de que somente uma bala havia no pente, e só ouviu um disparo.

Naquela mesma noite, mais cedo, ele havia dado um tiro no escuro, mas quem seria o responsável por aquela outra ruptura? Quem também teve a coragem de estar cego, sem razão, e apertar o gatilho sem hesitar? E, afinal, qual daquelas marcas seriam um furo, que nunca iria se fechar, ardendo sempre em carne viva?

Thiago Augusto

2 Comments:

At Sunday, July 16, 2006 5:15:00 PM , Anonymous Anonymous said...

texto bem escrito. Não se revela totalmente, esconde-se nas entrelinhas.

 
At Monday, July 17, 2006 4:38:00 PM , Blogger Bruna Rasmussen said...

esse texto me lembra certa parte no filme " brilho eterno de uma mente sem lembranças " onde a mulher chega bêbada em casa e então o cara diz algo parecido com " dirigindo bêbada.. ótimo.. será que deveríamos ligar a tv no noticiário pra ver se você matou alguém?! "



valeu mesmo pelo comentário no meu blog. críticas construtivas são SEMPRE bem vindas =)

valeu!
beijos

 

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